As escolas privadas brasileiras atingiram, em 2024, o maior número de matrículas desde o início da série histórica do Inep, com 9.517.832 alunos matriculados, o que corresponde a 20,2% de toda a educação básica no país. A expansão consolida uma tendência de recuperação após a queda observada durante os anos críticos da pandemia.
Com o crescimento da demanda, aumentam também as preocupações sobre as condições de trabalho dos professores que atuam no setor privado. Embora haja mais turmas e possibilidade de contratações, a sobrecarga e a precarização seguem como desafios importantes.

Crescimento Acelerado Pós-Pandemia
Em comparação com 2023, o aumento nas matrículas foi de 1%, mantendo a trajetória de crescimento observada desde 2022. A educação infantil, fortemente impactada nos primeiros anos da pandemia, apresentou recuperação expressiva, com alta principalmente nas redes urbanas e de médio porte.
Esse crescimento é atribuído a diversos fatores:
- Busca por maior qualidade de ensino e estrutura física;
- Retomada econômica em segmentos das classes médias;
- Insegurança dos pais em relação ao ensino público e remoto;
- Melhora na percepção de segurança sanitária.
Impacto Direto na Rotina dos Professores
Apesar dos números animadores para as instituições, o impacto sobre os professores pode ser duplo:
- Oportunidades: Ampliação de vagas, novos projetos pedagógicos e chances de ascensão na carreira.
- Riscos: Mais alunos por turma, exigência de metas, intensificação da cobrança por desempenho e possíveis contratos precarizados.
Em muitos casos, o aumento das matrículas não vem acompanhado de contratações proporcionais, o que resulta em maior carga de trabalho para os docentes já contratados.
Mercado de Trabalho Docente Ainda em Tensão
Mesmo com a expansão do setor, o mercado de trabalho para professores ainda sente os efeitos da crise recente:
- Em 2022, o ensino superior privado registrou queda de 7,14% no número de docentes, com a saída de quase 30 mil profissionais;
- A rotatividade segue alta, impulsionada por contratos temporários, terceirizações e flexibilizações da reforma trabalhista de 2017.
Esses dados mostram que a retomada do setor não se traduz automaticamente em valorização profissional.
Valorização e Organização Docente São Fundamentais
Especialistas e sindicatos docentes, como o Sinpro Mogi e região, reforçam que o crescimento da rede privada deve vir acompanhado de melhorias estruturais e valorização dos professores. Isso inclui:
- Contratos estáveis e transparentes;
- Formação continuada financiada pelas instituições;
- Respeito à carga horária e ao tempo de planejamento;
- Participação docente nas decisões pedagógicas.
Também é fundamental que os professores se organizem coletivamente para defender seus direitos, especialmente em redes com alta rotatividade e baixa transparência na gestão de pessoal, para isso é importante contar com o suporte do seu Sindicato.
Conclusão
A expansão das matrículas na rede privada em 2024 mostra um setor em franca recuperação. No entanto, esse crescimento só será sustentável se for acompanhado de condições dignas de trabalho para os educadores. Cabe às instituições, aos governos e à sociedade garantir que a valorização do professor caminhe junto com a retomada do ensino presencial e da confiança das famílias.
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fontes: Inep, Censo Escolar da Educação Básica 2024, Folha de S.Paulo – Educação, BBC Brasil, Extra Classe – Sindicato dos Professores do RS